Atividades Desportivas

O futebol é frequentemente designado por desporto-rei. Não é por acaso! Afinal, é a prática desportiva mais popular e praticada em todo o mundo. Devido à elevada exigência física associada à sua prática, esta modalidade desportiva apresenta uma elevada incidência de lesões. As causas estão maioritariamente associadas aos esforços excessivos e repetitivos a que as estruturas músculo-esqueléticas são submetidas. Por outro lado, os movimentos característicos da modalidade, como por exemplo, os movimentos de rotação associados às mudanças de direção, a explosão muscular exigidas nas súbitas variações de velocidade e os contactos quase constantes entre atletas fazem do futebol uma atividade desportiva de elevado risco para músculos, ligamentos, ossos e tendões. As lesões mais frequentes nos praticantes de futebol verificam-se nos membros inferiores e afetam, por ordem decrescente de incidência, coxas, tornozelos e joelhos. No entanto, várias outras estruturas músculo-esqueléticas encontram-se sujeitas a lesões. O grupo muscular mais frequentemente atingido é o dos isquiotibiais

O atletismo abrange uma ampla variedade de atividades e movimentos de características biomecânicas diversas, o que potencia o aparecimento de lesões comuns e, outras específicas de cada modalidade. Alguns desses exemplos são as provas de saltos, quando a intensidade da força aplicada na execução do movimento é excessiva. Já nas provas de lançamentos, as diferentes possibilidades de distribuição de cargas também podem constituir um fator de lesão, principalmente nos membros superiores e tronco. Por outro lado, nas provas de velocidade as lesões mais frequentes surgem na musculatura isquiotibial, já que existe uma constante solicitação deste grupo muscular. De uma maneira geral, as lesões mais frequentes nos praticantes de Atletismo são entorse de tornozelo, lesões musculares, tendinites, lombalgias, canelite e fraturas de stress.

O Trail Running é uma modalidade desportiva apelativa por ser realizada em trilhos que não tenham sido alterados pelo homem, permitindo um contato próximo com a natureza e respeito pelo ambiente. São estas particularidades associadas ao tipo de terreno (gradiente de inclinação/desnível e tecnicidade do percurso), à distância e à altimetria do percurso/trilho que a diferencia de outras formas de corrida (maratonas ou corta-mato, por exemplo). A principal diferença entre corredores de estrada e praticantes de trail running tem a ver sobretudo com as características do terreno (desníveis intensos) e com o tipo de percurso, a que se somam ainda as características ambientais (frio, calor, ventos fortes, noite, humidade, entre outras). Nesta modalidade existe um risco acrescido de lesão e algumas partes do corpo são mais suscetíveis, como é o caso dos tornozelos, da tíbia e principalmente os pés. Os tipos de lesão mais frequentes entre os praticantes de trail running são a fascite plantar, o entorse do tornozelo, a tendinite de Aquiles, a lesão muscular na coxa, e a lesão no menisco.

​Em termos fisiológicos, o ciclismo é uma atividade aeróbica cíclica e que desenvolve o sistema cardiovascular, sendo ainda um ótimo exercício para queimar gordura corporal e para o desenvolvimento da resistência muscular dos membros inferiores. O crescimento do conceito “deixe o seu carro em casa”, a criação de ciclovias nas grandes cidades e uma maior consciencialização ambiental, tem feito do ciclismo um desporto com um número crescente de praticantes. O ciclismo é considerada uma modalidade de baixo risco quanto à ocorrência de lesões e existem dois tipos principais, as traumáticas e as por sobrecarga. As lesões traumáticas são comuns, e envolvem quedas e acidentes acometendo maioritariamente os membros superiores, o crânio, a face e a região cervical. Por outro lado, as lesões por sobrecarga acometem predominantemente os membros inferiores e a coluna. Alguns exemplos deste tipo de lesões são a tendinite patelar, a síndrome patelofemoral, a síndrome da banda iliotibial, tendinite da pata de ganso, tendinite de Aquiles, lombalgias, além de neuropatias de punho

O andebol é considerado um dos jogos mais antigos da história do desporto. Embora jogado com as mãos, é uma modalidade que exige a movimentação global do corpo, tanto para execução do passe como para o remate. O gesto técnico final de uma jogada de andebol é o remate. Ora, para se conseguir um melhor aproveitamento da força do remate tem que existir um movimento coordenado de todo o corpo em combinação com o lançamento final da bola pelo membro superior. A maior parte das lesões nesta modalidade são de instalação gradual, sendo a mais comum a síndrome de stress tibial medial (canelite). Por outro lado, a lesão traumática mais frequente ocorre ao nível do membro inferior, atingindo maioritariamente o tornozelo e o joelho. As lesões musculares e contusões são igualmente frequente e, ao nível do membro superior os traumatismos de mão e dedos são os mais habituais.

O basquetebol é um desporto que exige contato entre os jogadores, tanto na defesa como no ataque. Neste desporto, a maior carga de trabalho ocorre nos membros inferiores provocando um grande número de lesões em função das deslocações, mudanças bruscas de direção, rotações e saltos. A lesão ligamentar do tornozelo é a lesão mais comum do basquetebol. Ocorre tipicamente no jogo debaixo da tabela, por queda sobre o pé do adversário. As outras lesões de mecanismo agudo que mais atingem os basquetebolistas são as lesões dos dedos e mãos. A lesão do ligamento cruzado anterior ocorre sem contacto, na maioria das vezes, e está associada à queda do salto ou a mudanças de direção.

Dos campos com piso de cimento na América do Sul aos campos com piso de madeira em França, o futsal oferece uma versão mais dinâmica e tática do futebol. Sem contactos e sem foras-de-jogo, as regras propiciam um jogo rápido e ritmado em que todos os jogadores tocam mais vezes na bola e em que a assistência aos companheiros de equipa é fundamental. As lesões no futsal localizam-se predominantemente nos membros inferiores, o que encontra justificação nas características da própria modalidade. A lesão do tornozelo, a par do que acontece em várias outras modalidades de pavilhão, é a mais frequente. Seguem-se as lesões musculares, contusões e as lesões do joelho.

Há desportos que podem parecer muito semelhantes quanto à forma como são praticados e até quanto ao equipamento utilizado. É o caso do padel e do ténis, que são próximos, mas com diferenças importantes. Semelhante ao ténis em vários aspetos, o padel, para além de ser jogado com raquetes, é um jogo mais rápido e jogado em equipas de dois elementos, sem curva de aprendizagem para poder ser desfrutado sem interrupções. Por outro lado, o ténis impõe elevadas cargas articulares, com forças suprafisiológicas a serem geradas a nível do ombro e do cotovelo, centenas de vezes por sessão de treino/jogo. No entanto, os tipos de lesão são similares nas duas modalidades. As lesões de instalação súbita tendem a atingir o membro inferior, como por exemplo entorse do tornozelo, e as lesões de carácter cumulativo atingem mais frequentemente o membro superior. A lesão muscular do reto abdominal surge devido ao papel deste grupo muscular na ação do serviço. A lombalgia é também prevalente nestas modalidades. A natureza repetitiva e mecanismos de torsão e hiperlordose pode condicionar as estruturas que suportam a unidade funcional lombar.

O voleibol é um desporto que alia potência muscular, rápidas mudanças de direção e saltos repetitivos. A lesão mais comum no voleibol é a entorse do tornozelo, usualmente após queda do atacante nos pés do blocador adversário. Seguem-se as lesões traumáticas dos dedos e, por último, as luxações e as fraturas. Como noutras modalidades que envolvem saltos, o joelho surge como um dos segmentos anatómicos mais atingidos. As lesões de instalação gradual, decorrentes da repetição exaustiva do gesto de ataque e serviço, dos movimentos do tronco e do salto, são as lesões que mais frequentemente acometem os voleibolistas. Destas, de referir a patologia do ombro, a lombalgia e, no joelho a tendinite patelar (joelho de saltador) e as síndromes patelofemorais.

O Hóquei em Patins é uma modalidade onde a probabilidade de queda, o contato físico entre os atletas e o manuseamento do stick fazem com que as lesões traumáticas sejam frequentes. Destas, as mais prevalentes são as que atingem a mão e o punho. No entanto, a face e o membro inferior também são frequentemente atingidos. As lesões de Hóquei em Patins devem ser agrupadas entre as que ocorrem no jogador de campo e as que sofre o guarda-redes. No jogador de campo são frequentes lesões musculares, essencialmente dos adutores e dos isquiotibiais. As lesões ligamentares do tornozelo e do joelho também são uma realidade do hoquista. No guarda-redes as lesões mais frequentes são as meniscais do joelho.